ONGs mobilizam a sociedade em prol dos manguezais no Ceará


Ações fazem parte do movimento nacional #manguefazadiferenca, que alerta sobre os riscos que as alterações do Código Florestal trazem para estes importantes ecossistemas em toda zona costeira do Brasil.

A partir de hoje (8 de fevereiro), o Ceará vai aderir à campanha nacional “Mangue Faz a Diferença”, cujo objetivo é mobilizar moradores e turistas sobre a importância dos manguezais e alertar sobre os riscos que as mudanças no Código Florestal trazem para o futuro desses ecossistemas.

A campanha tem coordenação nacional da Fundação SOS Mata Atlântica e local da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis), em parceria com as instituições Fundação Brasil Cidadão, Instituto Terra Mar, Associação Para o Desenvolvimento Local Co-Produzido (Adelco), Centro de Defesa dos Direitos Humanos Arquidiocese de Fortaleza, Federação de Surf do Ceará, Meninos e Meninas do Mar, Clube Águas Abertas, Associação Cearense Master de Natação, Associação de Stand, Eco-Museu Natural do Mangue, Associação dos Pescadores de Iparana, Albertu´s Restaurante e passeio de Barco, Ponto de Cultura Maria Vem Com as Outras (CENAPOP), Escolinha do Surf da Praia do Mero, Escolinha do Surf da Leste-Oeste, Mangue Vivo/UFC, Associação de Moradores do Parque Leblon. O evento tem a parceria e apoio do SESC Ceará, Cuca da Barra do Ceará, Prefeitura de Fortaleza e Ecofor.


Nesta quarta-feira, será realizado o lançamento da campanha, no manguezal do Rio Ceará, em Fortaleza, a partir das 8 horas, com a concentração dos participantes convidados. A abertura do evento será realizada no CUCA Che Guevara, na Barra do Ceará, com apresentações culturais dos Índios Tapeba.

Às 9 horas acontecerá o movimento cultural “Tambores do Manguezal”, com artistas, músicos, faixas, fantasias e grupos culturais da região, que farão uma intervenção cultural na barra do Ceará, com a apresentação do manifesto “#manguefazadiferenca”. Em seguida, duas embarcações sairão do local e seguirão para o manguezal, com um grupo de 50 pessoas, para um mutirão de limpeza do ecossistema e plantio de 40 mudas de mangue. Surfistas, canoeiros e pescadores com uma jangada irão fazer a travessia no Rio Ceará em defesa do manguezal.

Ainda hoje, às 9h20, acontecerá o plantio de 30 mudas de mangue. Além disso, neste horário, um grupo de 40 surfistas, amadores e profissionais, promoverá a “I Surf Manguezal Faz a Diferença”, junto com pescador em jangada e canoeiros, uma mobilização cujo foco é alertar a população sobre os impactos do Código Florestal e defender a vida marinha, por meio de uma travessia do Rio Ceará com pranchas de surf, uma jangada e canoas.

No sábado (11 de fevereiro), às 16 horas, vai ocorrer em Fortaleza a “Travessia de Natação em Águas Abertas e de Stand Up Paddle”, na Beira-Mar, com largada em frente às quadras de vôlei de praia (praça dos Stressados). Os “Tambores do Manguezal”, convidados e adolescentes do Projeto da Brigada da Natureza irão fazer uma caminhada depois da largada pelo calçadão da Beira-Mar até a chegada dos atletas, no aterro da Praia de Iracema, ao lado do espigão da Av. Rui Barbosa.

Além do Ceará, a campanha ocorrerá em diversas regiões do País, com manifestações programadas em doze Estados (RJ, RN, PB, PE, AL, SE, BA, ES, RJ, SP, PR e RS), além de ações em Brasília/DF.

Como parte da campanha, também está sendo lançado o Manifesto a Favor da Conservação dos Manguezais Brasileiros. Segundo o texto do documento, além dos sérios problemas que já vêm sendo denunciados por cientistas, ambientalistas, especialistas em legislação e organizações da sociedade civil – a exemplo da anistia e da redução da proteção em áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente (APPs) –, representando um grave retrocesso na proteção das florestas, o projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados e o substitutivo do Senado, atingem também diretamente os ecossistemas costeiros e estuarinos, notadamente os manguezais brasileiros, em toda zona costeira do País. Em seguida, o documento lista os principais problemas trazidos para esses ecossistemas e pede providências às autoridades. O manifesto pode ser acessado na íntegra em http://bit.ly/manguefaz .

A ação tem o apoio do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, uma coalizão formada por 163 organizações da sociedade civil brasileira, responsável pelo movimento “Floresta Faz a Diferença”.

Informações, fotos e vídeos sobre todas as atividades, bem como os materiais de comunicação e o manifesto estão disponíveis no hotsite www.manguefazadiferenca.org.br . Internautas também podem acompanhar a mobilização pela fan page da campanha no Facebook, facebook.com/manguefazadiferenca , e manifestar seu apoio via Twitter  com a hashtag #manguefazadiferenca.

Manguezais X novo Código Florestal

Fabio Motta, coordenador do Programa Costa Atlântica, da SOS Mata Atlântica, explica que os manguezais servem como berçários para muitas espécies de peixes e crustáceos com importância ecológica, econômica e social.

“Hoje, existem mais de 500 mil pescadores no Brasil. Se somados aos empregos indiretos, o número de pescadores ultrapassa 1 milhão, portanto, os mangues são uma fonte de renda para um número significativo de brasileiros. A defesa desses manguezais deve mobilizar toda a sociedade, não apenas os pescadores, pois além da sua importância econômica, eles são áreas fundamentais para a manutenção da vida marinha”.

Segundo ele, o texto do Código Florestal, aprovado no Senado, coloca em risco esses importantes ambientes, ao propor a consolidação de ocupações irregulares em manguezais ocorridas até 2008, consolidar ocupações urbanas nessas áreas e permitir novas ocupações, sendo 35% em manguezais do bioma Mata Atlântica e 10% na Amazônia.

“Como argumento, o projeto de lei defende a carcinicultura (criação de camarões), atividade que já é responsável por enormes passivos socioambientais no Nordeste do País”, explica Motta.

Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, destaca que os manguezais são áreas de uso comum da população e essenciais para a qualidade de vida das gerações atuais e futuras. “O projeto de lei que altera o Código Florestal não tem coerência com o processo histórico do País, marcado por avanços na busca pelo desenvolvimento sustentável. Se aprovado, beneficiará um único setor econômico em detrimento do nosso capital natural e de nossas populações. A sociedade, representada em manifestações de empresários, representantes da agricultura familiar, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da juventude, dos sindicatos, de juristas e de tantos outros segmentos, já se posicionou contra o projeto de lei aprovado pelo Congresso e não pode ser desconsiderada”.

Em dezembro do ano passado, a presidente Dilma recebeu 1 milhão e meio de assinaturas de brasileiros contrários à aprovação do novo texto do Código Florestal. O projeto de alterações no Código Florestal tem nova votação prevista para o início de março.

Programação

Coordenação geral: Fundação SOS Mata Atlântica.

A partir de 8/2 e dia 11/02 – Rio Ceará e Beira Mar (CE) – Coordenação: Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis)

11/2 – Ceará Santos (SP) – Coordenação: Ecosurfi

12/2 – Natal (RN) – Coordenação: ONG Oceânica – Pesquisa, Educação e Conservação

12/2 – Vitória (ES) – Coordenação: Associação Ambiental Voz da Natureza

12/2 – Rio de Janeiro (RJ) – Coordenação: Instituto Mar Adentro e Projeto Coral Vivo

A partir de 17/2 – Canavieiras (BA)

18/2 – Paraty (RJ) – Coordenação: Associação de Monitores Ambientais de Paraty (Amapa)

Início de março: ações em Brasília (DF) – Coordenação: Fundação SOS Mata Atlântica

Em breve, detalhes da programação estarão na fan page  http://www.facebook.com/manguefazadiferenca   e no blog da Fundação SOS Mata Atlântica http://www.sosma.org.br/blog/

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